Que a banda Super Furry Animals é uma das mais loucas e psicodélicas que existe, isso não há dúvida. Comparáveis ao Flaming Lips por suas brincadeiras visuais com o público (vide os shows e vídeos da banda) e suas músicas, uma coisa que é bem curiosa é a relação que os próprios desenvolveram com o Brasil.
Não só o Super Furry Animals ja tocou três vezes aqui, mas também o projeto paralelo do vocalista Gruff Rhys, chamado Neon Neon. Estas incursões ao nosso país provavelmente ajudaram eles a firmar uma parceria com o produtor Mario Caldato Jr. (o mesmo dos Beastie Boys, Jack Johnson, Planet Hemp e Mallu Magalhães), que chegou a produzir um dos discos mais recentes deles, no Rio de Janeiro. Rhys inclusive chegou a lançar um documentário com o título de Separado!, onde ele vai até a Patagônia, numa comunidade de descendentes galeses, em busca de um suposto parente perdido que chegou a ser um cantor de sucesso na Argentina.
Se a relação com o Brasil e a América do Sul ja estava bem estabelecida, eis que surge mais um projeto do vocalista, talvez o mais inesperado e, com certeza, um dos mais audaciosos. No dia 26 de julho está marcado o lançamento do disco The Terror Of Cosmic Loneliness, um disco feito em parceria com o gaúcho Tony Da Gatorra - ambos se conheceram nas filmagens de Separado!. Músico e técnico em consertos de televisões e vídeo cassetes, Tony utiliza apenas um instrumento para tocar suas músicas, sendo este invenção sua: a Gatorra - uma espécie de guitarra com bateria eletrônica e alguns sons sintéticos embutidos, que chegou a ser admirada pela banda escocesa Franz Ferdinand em uma de suas visitas ao país. Com um trabalho que beira os experimentalismos avant garde da NO WAVE nova iorquina e da banda Throbbing Gristle (acredito que o próprio nem chegou a ouvir algo relacionado ao movimento e à banda, mas tudo bem), Tony canta músicas de protesto com alvo nos políticos corruptos, na pobreza do Brasil e, inclusive, na famigerada OMB.
Trancados em um estúdio em São Paulo por 5 dias, ambos passaram o tempo tocando jam sessions que viriam a gerar o material deste disco. De acordo com os artistas a única linguagem utilizada nesse tempo em estúdio foi a música; não houve distrações, mas sim uma total imersão na composição dessas canções. O último dia de estúdio foi o momento de registrar o trabalho, gravando-as ao vivo e escolhendo os melhores takes, para assim serem levadas ao País de Gales (terra natal de Rhys), onde foram mixadas e masterizadas.
Três apresentações da dupla ja estão marcadas para Julho, mas apenas em Londres e no País de Gales. Por aqui não há nada confirmado, mas aguarderemos ansiosamente a possibilidade de vê-los ao vivo no Brasil. Depois dessa, o Flaming Lips vai ter que se esforçar pra ser o mais freak das bandas de rock atuais.
Para quem não conhece nenhuma das figuras citadas, segue um vídeo do SFA e outro do Tony Da Gatorra.
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