7.31.2009

Cianorte - a capital do vestuário

O mercado de moda em Curitiba não é fácil e acessível ao que se referem a eventos, lançamentos, divulgações, etc. Tratando-se de trabalhos e oportunidades então, torna-se ainda mais escasso. Se estiver mudando, ótimo. Mas sabemos que a cidade ainda não oferece grande infra-estrutura necessária nesse sentido, seja para profissionais ou mesmo consumidores.
Partindo do questionamento: “Saí de uma faculdade de moda de Curitiba, o que faço agora?”, é que dei impulso a um desejo antigo, lá do começo do curso, que era o de conhecer o que a tão comentada Cianorte-Pr tinha a oferecer nesse ramo. Confesso que a princípio minha vontade era de voltar correndo para a minha cidade, onde estava acostumada com o clima, com as pessoas e de certa forma acomodada em não ter grandes oportunidades na minha profissão.

Isso me encorajou a persistir e a enxergar com outros olhos que eu estava diante uma vida nova, e minha meta agora seria fazer com que notassem que cheguei a essa cidade pronta para colocar em prática alguns anos de criatividade recolhida, e aprendizados que eu jurava que me dariam destaque.
Persistência e jogo de cintura foram o que eu precisei para dar início a carreira de estilista, mesmo tendo sonhado em ser produtora para catálogos, fotos e desfiles de moda. Precisei me encorajar e mudar totalmente de rumo, para descobrir que atrás desse mundo de glamour e ilusão, o trabalho é árduo, mas compensa, depois de uma coleção finalizada, depois de meses concentrada em um conceito, envolvida entre modelistas, pilotistas, costureiras, etc.
Ver nascer uma coleção sua e receber todas as congratulações possíveis e principalmente, ganhar experiências, faz você entender que é possível vencer nessa selva de pedra que é o mercado das grandes confecções, seja em Cianorte ou em qualquer outro lugar com mais destaque.

Chegar a uma cidade denominada “A Capital do Vestuário” faz os olhos de qualquer profissional da moda brilharem, ou só eu tive essa sensação, a de estar entrando por um portal que faria minha vida profissional alavancar. Numa cidade com aproximadamente 350 empresas de confecção, não seria possível que em nenhuma eu não merecesse um lugar. Persistente que sou, e otimista até demais, hoje, com 10 meses instalada aqui, comando uma marca de jeans wear que vem crescendo junto comigo, uma empresa pequena, com produção controlada, com poucos modelos, mas tudo propositalmente para sentir o mercado, o público e trabalhar com os pés no chão. Propostas têm aos montes, mas depois que se adquire malícia nesse meio, você prioriza onde valorizem seu trabalho, onde se possa ter controle da situação, e pra quem está começando, ser somente um número nas grandes empresas acaba sendo desgastante e não compensando em nenhum aspecto.

Mesmo ainda causando espanto em alguns desinformados, Cianorte forma o segundo maior pólo têxtil do Brasil e acreditem, é responsável por 25% da produção e lavagem de todo jeans que é vendido no país, além de grandes marcas finalizarem suas peças aqui.
A cidade investe na formação e no aperfeiçoamento profissional na área de criação, conta com 2 universidades com curso superior em moda, e com o SENAI e o SEBRAE.
Diploma na mão é muito importante, mas aqui muitas vezes criatividade e disponibilidade chamam mais atenção do que anos de formação e mil especializações. Ressaltando, investir em um curso de moda, entender de modelagem, saber os passos fundamentais para se criar as peças de vestuário e ter bom gosto são de extrema importância.

Hoje, digo a quem pergunta sobre a minha experiência em Cianorte, que se existe aquele encantamento ao ver nascer uma peça, ao vê-la saindo dos papéis dos estilistas, passando pela modelagem, sendo costurada por nossas pilotistas de confiança, ganhando vida nas lavanderias industriais, recebendo finalização nos acabamentos, etc. aqui além de ser um lugar ideal para colocar em prática nossos talentos adormecidos, é uma grande escola. Aprendemos a linguagem da nossa área, estabelecemos contatos quentíssimos, aprimoramos nosso aprendizado e se tudo isso não fizer parte do que se chama crescimento profissional, ainda assim, vale como uma riquíssima fase onde se aprende a apurar dons, descobrir caminhos e desenvolver ferramentas que serão úteis na trajetória da nossa carreira.


por Joicy Sallen

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o conteúdo do seu blog!

bjs