2.14.2007

Moda e Comportamento Jovem

Olhem só, meu primeiro artigo como participação neste blog! Desculpem as parceiras por demorar tanto a aparecer, mas ando com a vidinha conturbada. Recém-formada, me mudando e procurando emprego. Gentem, não é fácil! Mas mas mâns, estou aqui para falar de Moda, néam? Oquêi. Me inspirando no momento um sonzinho electro super cool do DJ europeu Vitalic, ouçam.
Hoje conto para vocês minha experiência de estágio da faculdade, nos meses de Setembro e Novembro do ano passado. Trabalhei com alunos do Ensino Médio de duas escolas públicas de minha cidade, e a-di-vi-nhem sobre o quê falei? Claro, Moda! Moda, Comportamento Jovem e Dominação de Massas pela Mídia. Primeiramente apresentei o poema do escritor modernista Carlos Drummond de Andrade, entitulado “Eu, Etiqueta”, que faz uma crítica ao fato de que muitos de nós somos verdadeiros outdoors humanos, exibindo marcas dos pés à cabeça, com isso forçando a existência de um não-eu em nossas personalidades, ou seja, anulando-nos na questão identidade própria. O que notei, na verdade, foi que muitos alunos possuem a consciência do que é se preocupar apenas com a marca, com o que todos usam nas ruas e na tv em detrimento de ser da forma que gosta e quer ser. Mas apesar de possuírem esse senso, o que acontece é que este não é colocado em prática na hora de se vestir por uma simples razão: medo, falta de coragem. Medo de repressão pela sociedade lá fora, falta de coragem por acharem que vão ser criticados nas ruas. Isso pode demonstrar uma falta de confiança com relação a si mesmo, uma possível insegurança para ser de fato o que se é, o que se quer e se gosta de ser. A pessoa que é segura de si não sente medo dessa repressão e enfrenta o desafio do que é ser um “eu mesmo” numa sociedade ainda cheia de preconceitos, e dá a cara a tapas dizendo “dane-se” às críticas. Portanto ainda existe uma falta de segurança dos nossos jovens com relação a isso, principalmente em cidades interioranas como a minha, onde posso dizer tranqüilamente que você é aquilo que veste, infelizmente. Repito, infelizmente.
Posteriormente apresentei matérias de revistas em transparências, uma falando sobre tribos urbanas – clubbers, skatistas, góticos, heavy metal, hippies, emos, indies etc – e outra sobre qual a imagem que passamos quando nos vestimos, com o enfoque em frases de camisetas – maioria delas em inglês. O fato é que as pessoas não prestam atenção na imagem que passam ao se vestirem. Aí que deve vir o senso visual, aliás, o senso de ridículo mesmo meus queridinhos, as concordâncias, as combinações. Aquelas veeelhas regrinhas básicas que a Moda jamais estará incorreta em propor, porque são regrinhas óbvias. Se é gordinha, não use listras horizontais porque achatam a silhueta. Evite calça skinny porque acentua os quilinhos a mais e deforma a silhueta. Se usa um decote, não use mini-saia, ou você tampa em cima, ou em baixo. Os dois juntos são uma combinação um tanto vulgar. Tá gente, eu sei que depende do gosto de cada um e cada um deve usar aquilo que acha que deve, concordo e defendo, mas aqui a questão é puramente o senso. Senso para se vestir. Senso para olhar no espelho e saber realmente o que fica ou não fica bem. Sobre as frases em camisetas, constatei que os alunos não prestam atenção naquilo que vestem, sobretudo em frases escritas em inglês. Sequer se preocupam com o significado, ou não sabem mesmo o significado. Seria bom se cada um olhasse no dicionário de inglês o que está trazendo na camiseta, porque na maioria das vezes as camisetas trazem frases idiotas, vazias.
Sobre a matéria das tribos urbanas, maioria deles não conhecia muitas. Apenas góticos, punks, hippies. Essas que vêm desde as décadas de 60, 70, 80. Ressaltei que este tipo de comportamento nos jovens vem desde essas épocas e não da era moderna como muitos pensam, e que são de grande importância já que muitas delas marcaram épocas, causaram transformações e demonstraram a força que o jovem tem na sociedade. Até hoje sabemos que essas tribos existem, não com a força política como os góticos, punks e hippies das décadas de 70 e 80, mas existem e estão aí demonstrando opiniões e comportamento, desafiando o preconceito social, pregando identidade própria e claro, influenciando a Moda. As tribos urbanas são uma forma de o adolescente buscar sua identidade e se identificar com aquilo que gosta, daí muitas vezes as transições e a mobilidade de uma tribo para outra acabam ocorrendo, em decorrência dessa constante busca pelo que é “ser eu mesmo”.
Constatei que pelo menos por aqui, no interior de Goiás, os jovens não são tão engajados sobre esses assuntos, e não são muito antenados com o que rola lá fora. Se esse estágio tivesse sido realizado em São Paulo, por exemplo, os resultados teriam sido diferentes. Mas é assim a juventude brasileira, nosso molde educacional não proporciona a informação, entretenimento e conhecimento necessário aos nossos jovens, principalmente nas sociedades conservadoras do interior do país. Mas por fim consegui passar a minha mensagem, que o importante é ser você mesmo, com senso e consciência, agradar a si mesmo e não à sociedade, mesmo apesar do preconceito. Isso significa saber absorver o que a Moda pode oferecer de acordo com os próprios gostos pessoais, e não usar alguma coisa porque simplesmente as pessoas estão usando. Se nascemos diferentes, não faz sentido nos esforçarmos para sermos iguais.

por Nat L.

Um comentário:

Marianna Valente disse...

Olá...gostei de saber sua experiência, até postei no meu blog a minha opinião sobre o assunto. www.multimoda.blogspot.com